Os prós e contras dos condomínios-clube
Veja como funcionam esses tipos de condomínio e descubra se eles são a moradia certa para você
O objetivo de um condomínio-clube
é oferecer ao morador serviços e itens de lazer que praticamente
dispensem a sua necessidade de sair de casa. Alguns deles possuem uma
estrutura tão farta que chegam a incluir até mesmo pista de cooper,
mercados e escolas infantis. Mas por trás das muitas vantagens há também
alguns desconfortos típicos desse tipo de empreendimento que não devem
ser ignorados, como os congestionamentos no elevador e na garagem e a
menor privacidade.
Vantagens e desvantagens à parte, fato é que esse conceito de condomínio
têm se proliferado em algumas regiões. Segundo a Lello, empresa líder
em administração de condomínios no estado de São Paulo,
o número de empreendimentos do tipo clube na capital paulista e na
Região Metropolitana de São Paulo crescerá 114% com a entrega dos
lançamentos previstos para este ano.
A tendência de aumento do número de condomínios-clube pode ser associada
a fatores como o aumento da violência, o aumento da participação da
mulher no mercado de trabalho e a elevação das taxas condominiais, já
que nos condomínios-clube o maior número de moradores dilui as altas
taxas.
Veja a seguir alguns prós e contras dos condomínios-clube e avalie se eles são o tipo de moradia certa para você.
Prós
Lazer e convívio social para crianças
Márcio Rachkorsky, autor do livro “Tudo o que você precisa saber sobre
condomínios”, é advogado de mais de 100 condomínios-clube e síndico
profissional de outros 20. Segundo ele, a grande vantagem desses
condomínios é a possibilidade de lazer para os filhos e o convívio com
outras crianças. “Para as crianças, o condomínio-clube é um sonho. Tem
piscina, quadra, cinema e além de todo o lazer, como eles têm muitas
unidades, a criança tem a possibilidade de fazer amizades”, diz.
Taxas condominiais mais baixas
Os condomínios-clube possuem em média 600 ou 700 unidades, segundo
Márcio Rachkorsky. Por isso, mesmo com estruturas de lazer onerosas,
seus custos acabam diluídos entre os muitos moradores. “O condomínio
pode ter um ‘personal trainer’ na academia, um professor de natação ou
qualquer outra coisa sem pesar muito no bolso. Por mais mirabolante que
seja a ideia, ela fica barata porque muita gente divide os custos“,
afirma o advogado.
Como o principal fator de formação do preço da taxa condominal
é a quantidade de unidades do prédio, muitas vezes os condomínios-clube
possuem taxas mais baratas do que condomínios de prédios antigos, que
possuem 12 ou 13 andares e não têm área de lazer.
E a economia não para por aí. Dependendo da estrutura do condomínio e do
proveito que os moradores fazem dela, diversos gastos podem ser
dispensados, como com babás, mensalidades de clubes e academias,
transportes das crianças para cursos de línguas e escolinha de esportes
(quando estes são oferecidos no prédio), etc.
Maior segurança
Além dos condomínios-clube, via de regra, possuírem sistemas de
segurança mais avançados do que o de prédios antigos, eles permitem que
os moradores e seus filhos passem mais tempo realizando atividades
dentro próprio prédio e menos tempo se deslocando em espaços públicos.
Valorização do imóvel
A estrutura de lazer ampla também pode influenciar a valorização do imóvel.
“Há um interesse cada vez maior das pessoas em ter tudo em casa. Por
isso, a área de lazer do condomínio pode proporcionar uma maior demanda
por esse tipo de imóvel”, afirma José Roberto Graiche Júnior, diretor
jurídico da Associação Administradora de Bens Imóveis e Condomínios de
São Paulo (Aabic).
Apesar da área de lazer contar pontos, a valorização do imóvel vai
depender muito também de fatores como a localização, a área privativa do
imóvel, a conservação do empreendimento e a forma como os recursos do
condomínio são utilizados. “É preciso analisar o conjunto. Se o
condomínio tiver uma área grande, mas deteriorada, a sensação de
abandono pode ser uma desvantagem na venda do imóvel. Mas, se o
condomínio estiver bem conservado isso pode ser uma vantagem e pode
levar a uma valorização do imóvel”, diz Graiche.
Contra
Menor Privacidade
A primeira e mais óbvia desvantagem dos condomínios do tipo clube é a
falta de privacidade. As chances de descer do carro, passar pela garagem
e subir no elevador sem encontrar um vizinho nesse tipo de prédio são
quase nulas.
“No condomínio-clube você tem muito contato com pessoas o tempo todo.
Então, quem está acostumado a morar em um prédio com poucas unidades
precisa se preparar para esse choque. É uma mudança radical: é muita
regra, muita gente, é um novo conceito de vida”, explica Rachkorsky.
Risco de má administração
Dependendo da forma como o condomínio é administrado, todas as suas
melhores vantagens podem ir por água abaixo. “A grande armadilha dos
condomínios-clube é a má gerência por parte da equipe de administração
eleita, que é formada pelo síndico, subsíndico e pelo conselho. São eles
que ditam o que a empresa administradora do condomínio e o que o
gerente predial devem fazer”, opina Angélica Arbex, gerente de
relacionamento com o cliente da Lello Condomínios.
Segundo ela, se a equipe de administração do condomínio não mantiver as
áreas de lazer, entretenimento e convivência dos condomínios conservadas
e ocupadas pelos condôminos, os moradores correm o risco de ver o seu
patrimônio se desvalorizar.
Nos condomínios-clube o morador pode começar o dia enfrentando um
congestionamento antes de sair da garagem. “O número excessivo de
veículos torna a operação da garagem muito complicada. É difícil
identificar todos os veículos, cadastrar os carros de todos os moradores
e em muitos casos é difícil sair da garagem forma organizada”, diz
Márcio Rachkorsky.
O condomínio se torna quase um espaço público
“Muita gente acha que o condomínio é um verdadeiro clube e traz parentes
e amigos para aproveitar a sua estrutura. Um lugar que era para ser
particular vira praticamente um local público” afirma Rachkorsky. Em
outras palavras, se o condomínio não tiver muitas regras em relação aos
visitantes, o morador pode ter a desagradável sensação de que sua casa
virou algo mais parecido com um hotel ou um parque de diversões.
Área privativa pode ser menor
Para compensar a metragem reduzida dos apartamentos, algumas
empreendedoras vendem a área comum do condomínio como uma extensão do
espaço privativo
Alguns compradores se encantam tanto com a área comum que se esquecem de
pensar no espaço em que vão passar a maior parte do tempo. “Se o
morador for passar 95% do tempo no apartamento, ele precisa ser
aconchegante e compatível com o tamanho da família. Não adianta ter uma
piscina linda, um condomínio lindo, a quadra perfeita e o apartamento
ser um ovo”, comenta Márcio Rachkorsky.
Reformas
Nos primeiros anos de funcionamento o número de reformas nos
apartamentos de um condomínio-clube costuma incomodar muitos moradores.
“No começo você precisa conviver com 200, 300 obras no mesmo condomínio.
É um entra-e-sai de prestador de serviço, um desenvolvimento brutal de
entulho, fila para subir e descer pelo elevador. Os problemas com obras
são muito gritantes”, diz o autor do livro “Tudo o que você precisa
saber sobre condomínios”.
Segundo ele, a situação só começa a se normalizar depois de uns dois
anos, quando o condomínio já passa a estabelecer algumas normas de
funcionamento e o número de reformas diminui.
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